NANÃ BURUQUÊ

A VOVÓ DA UMBANDA

Nanã é um orixá feminino de origem daomeana. É, segundo as lendas, a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroko, Obaluaiê e Oxumarê. Segundo as pesquisas de Pierre Verger, Nanã, no culto anterior a chegada dos orixás iorubanos a religião da atual Nigéria, teria um posto hierárquico semelhante ao Oxalá, ou até mesmo de Olorum.  Na mitologia do Daomé, Nanã ás vezes é apresentada como orixá feminino, as vezes como masculino ou até mesmo assexuado, pai (ou mãe) de todas as coisas, seres e orixás. Nos cultos afro-brasileiros, é apresentada como orixá indiscutivelmente feminino, primeira mulher de Oxalá (representando a antiguidade da civilização que a cultuava) e associada sempre a maternidade. É, por tudo isso, a mais velha deusa das águas, tendo associações tanto com a morte como com a posição reservada aos velhos em qualquer sociedade.

O elemento de Nanã é a lama, o lodo do fundo dos rios e dos mares em geral. É, por extensão, a deusa dos pântanos, o ponto de contato das águas com a terra, a separação entre o que já havia (água) e o que foi libertado por mando de Olorum (a terra do “saco da criação”), sendo, portanto, sua criação simultânea á da criação do mundo.

Para Verger “Nanã Buruku é o arquétipo das pessoas que agem com  calma e benevolência, dignidade e gentileza. Das pessoas lentas nos cumprimentos de seus trabalhos e que julgam ter a eternidade á sua frente para acabar seus afazeres. Elas gostam das crianças e educam-nas, talvez com excesso de doçura e mansidão, pois possuem tendência a se comportar com a indulgências das avós. Agem com segurança e majestade. Suas relações bem equilibradas e a pertinência de suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça”.

O sincretismo brasileiro associa Nanã Buruku a Sant’Ana. Suas cores são o branco e o azul, na umbanda, é associada a cor roxa. Quanto ao dia da semana a ela consagrado, existem variações, segundo Olga Cacciatore, é a terça-feira, apesar de alguns terreiros dedicarem a ela a quarta-feira (associado ao culto de Obaluaiê, seu filho) e ao sábado, juntamente com as outras orixás da água.

As comidas de Nanã são o anderê, milho branco, inhame e arroz. Em alguns terreiros, também seriam axoxô, aberém, acaçá e pipocas. O sacrifício recomendado é de cabra, galinha e conquém. É apelidada carinhosamente de “Vovó”, e sua saudação é “Salubá!”.