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ONDE ESTÁ A CASA QUE PROCURO?

Conversando com um médium que veio de outra casa e que passou por inúmeras dificuldades dentro da religião, me apareceu tema para este texto..
Quantos  médiuns praticantes ou não, já não se fizeram esta pergunta:

“Onde está a casa que procuro?”

Penso eu que na realidade a questão não é bem do “querer” e sim,perguntando-se corretamente seria “onde está a casa que eu necessito para o meu aprimoramento espiritual?”

Muitos médiuns á princípio, procuram e optam pela conveniência,pelas facilidades e até mesmo pelo conforto, procurando casas que fiquem próximas de suas casas,de seus trabalhos,no mesmo bairro e de preferência na rua de sua casa… como muitos dizem (não gasto com gasolina e nem condução), uns até encontram e se dão bem, dão à sorte de encontrarem uma boa casa, porém outros passam por inúmeras desilusões e dissabores e quando vêem que o tão esperado terreiro não se encontra tão próximo assim, começam á se desanimar e se esmorecer e muitos acabam pendurando as chuteiras,se afastando da religião, outros começam á atender e dar passagem para suas entidades em sua própria casa, onde muitas vezes começam um grande e maior problema: começam á puxar cargas e energias de outras pessoas que ainda não sabem como segurar e dissipar, trazendo ainda mais dores de cabeça para sí, e isso vira um jogo complicado difícil de lidar, até o ponto que o médium não aguentando mais tantos problemas espirituais decorrentes de sua pressa e despreparo, volta a se fazer  a mesma pergunta:”Onde está ,meu pai Oxalá,o terreiro que eu procuro para cumprir missa missão?
Nestes momentos, uma tristeza enorme assola a mente do médium, um desconsolo, um sentimento de desamparo começa a tomar conta, como se ninguém tivesse ouvindo seu clamor seu pedido…aí vem minha opinião…
Muitas vezes nossas entidades  nos provam, nos testam e isso é um fato ainda omitido e ocultado por muitas casas,primeiro por muitas delas desconhecerem o profundo teor espiritual e outras mais maldosas,na esperança de não afugentarem médiuns de seus antros,os guias também querem ver até que ponto o médium vai aguentar segurar a corda do outro lado, querem avaliar nossa força de vontade, nosso desprendimento, nossa garra,etc.

Muitos até dizem: “as entidades,ás vezes nos fazem sofrer”;Ora irmãos e irmãs, isso não é fazer sofrer, isso é ENSINAR.
Um médium, quando se dedica á procurar uma boa casa para cumprir sua missão espiritual não medindo esforços, não se acomodando,não querendo que as “coisas caiam do céu”  quando consegue encontrá-la, acaba percebendo como ralou para estar ali e dá valor á isso (pelo menos deveria dar valor á isso).

Por outro lado, vejo que esta busca também não é difícil para todos, muitos médiuns estão em boas casas, mas lhes faltam doação e muitos, simplesmente não dão o valor devido á suas casas e acabam se perdendo na severa estrada mediúnica.

Povo de umbanda, se atentem para um detalhe muito verdadeiro: nem sempre a casa que seu orixá lhe reservou, será na esquina da sua casa, no seu bairro, ou mesmo na sua cidade, às vezes ela é longe, vai exigir de você  muita combustível para chegar nela,muita força de vontade, muita dedicação, e falo isso por experiência, pois frequentei,durante meu desenvolvimento por alguns anos,um terreiro que levava quase duas horas de ônibus prá chegar nele saindo do meu trabalho, as giras eram ás sextas feiras e eu saía de meu trabalho ás 18:00, na Rua 25 de Março e tinha que chegar no Bairro do Tatuapé para o início do culto “pontualmente” ás 19:00,o que perante o trânsito de São Paulo,era sempre difícil e apenas o metrô para me salvar neste dia, era sacrificado, mas valia muito à pena, e como valeu a experiência,afinal me ensinou a ser o médium que sou hoje e honro o meu aprendizado, ensinando aos meus filhos e filhas estas noções de respeito,de pontualidade,de assiduidade, de dedicação, seriedade, responsabilidade e comprometimento.
Eu,particularmente falando,não tenho dúvidas de que nossas entidades testam nossa força,persistência e teimosia,como sempre comento aqui em minha casa, a missão deles além de nos ensinar é fazer com que coloquemos para fora o melhor de nós.

Cuidado com a arrogância e a falta de humildade ,pois existe muito médium por aí que não quer trabalho ou doutrinação, quer facilidades e essa carapuça serve também, para alguns consulentes que acham que o Pai de Santo é obrigado á ficar lhes atendendo 24 horas por dia…é por telefone, é por internet, mas se dispôr á ir ao terreiro no horário marcado, não querem, para que não é mesmo?; se tem o zelador a sua disposição…olha,muito questionável essa fé…  se você é daqueles(as) que pensa assim, por favor,escolha outra religião, porque a umbanda é cheia de “muitos”; é muito trabalho, muito estudo, muita dedicação, muita doação,muita paciência, muita,mas muita empatia com o próximo.

Outro tipo de médium muito preocupante e desavisado, é aquele médium que procura casas luxuosas, numerosas,etc, o fato em questão não é o que a casa tem ou ostenta,e sim o que “ele” tem para oferecer á casa, tem médiuns(e aqui no sul do país isso é frequente) que procuram esses tipos de casa,não preocupados em se desenvolver, mas para mostrar aos amigos(as) seu status,esquecendo-se do essencial ,que é a ligação ao seu trabalho mediúnico,mas como graças ao astral,sempre vejo acontecer os mesmo resultados e os mesmos tombos, quando o médium chega á uma casa,nestas condições, com o coração cheio de ambição e vaidade com certeza e fatalmente irá se decepcionar muito,pois caso este médium possua entidades verdadeiras que o guiem, estas lhe ensinarão lições duras,severas e difíceis quanto à humildade.

Mas existem estilos de médiuns piores do que estes que mencionei?;sim,infelizmente eu consigo identificar  inúmeros e péssimos “tipos de médiuns”,existem por exemplo, médiuns que procuram casas que tem festividades o tempo todo, pois é.. isso mesmo FESTAS,  pois não procuram uma casa religiosa,que vá os orientar e polir,mas sim  uma casa para beber e comer, na realidade não estão á procura de terreiros mas sim de “botecos da esquina”, está a internet aí que não nos deixa mentir né?;fotos de festas de terreiros por aí que parecem tudo,  menos um trabalho espiritual.

Acordem para vida meu povo de umbanda e vejam que tipo de espíritos são esses que vocês bebem e se divertem juntos,será que espíritos de luz vibram nestes ambientes disfarçados apenas por luxuosas roupas?
Finalizando,existem aqueles médiuns que querem uma casa espetacular, onde o zelador esteja sim 24 horas á sua disposição, onde a casa lhe proporcione tudo o que ele necessite, mas se a casa pedir ajuda para comprar um maço de velas já é motivo de ofensa, ai a casa já está cobrando pelos seus trabalhos, já está explorando, alguns médiuns se esquecem que numa casa há despesas e que há rateios, outras até despesas como aluguel, luz e água e que seria totalmente injusto sair tudo do bolso do zelador, pois lembrando, a casa não é só sua é de todo o corpo mediúnico que ali se encontra,e por na maioria das vezes,ser justamente o zelador quem mais trabalha na casa, inclusive eu conheci algumas boas  casas que já fecharam por falta de comprometimento mediúnico ou porque a zeladoria simplesmente não agüentou arcar sozinha com os altos custos de manutenção, isso sim é triste.

Mas como toda a moeda tem dois lados há também zeladores abusivos, exploradores que muitas vezes abusam da boa vontade de bons médiuns, e que cobram até por um passe, esses podem se auto denominar do que quiserem,mas para mim não são,nem jamais serão sacerdotes de umbanda, e é justamente o que mais me dói, saber  que estes zeladores mercenários tem tanto valor, enquanto outros que são honestos são mau classificados por inúmeras pessoas por não cobrarem, ou pior,que sua umbanda “humilde e uniformizada” não compete em qualidade com a luxúria existente em certas casas…pobre gente iludida, que pede para ser enganada.

Há médiuns por aí que passam por inúmeras más situações, zeladores que os maltratam, os exploram,etc e ainda inventam histórias da carochinha,como  a última que ouvi recentemente de um consulente(uma das mais ridículas que já ouvi em minha vida)

Você é de Ogum, mas não te darei Ogum porque eu sou de Ogum então não podemos ter dois Oguns na casa, então vou te dar Oxóssi tá?”

Quanta “ância” né?; arrogância,ignorância e petulância, como assim “eu vou dar?”…, o Orixá nasce com a pessoa, não é o zelador nem a casa que dá o Orixá á ninguém de acordo com sua vontade, quanta desinformação…nessas horas fico pensando: O que estão fazendo com a umbanda?
Nossa Umbanda meu povo, está precisando de mais trabalhadores e menos vagabundos essa é a dura e triste verdade, por um lado zeladores abusivos, mal informados e exploradores por outro lado médiuns que só querem ajuda e comodidade, médiuns que não querem saber de se aprimorar, de aprender, de cooperar,se lapidar…

Médiuns que chegam ao terreiro com o corpo e o coração tão sujos, que as suas próprias entidades, para conseguirem fazer um acoplamento espiritual, precisam usar de toda sua energia fluídica espiritual para ver se conseguem pôr algo na cabeça dos irresponsáveis…

São tantos absurdos que daria um livro, tem médium que toma  banho de erva e fica reclamando que deu coceira no corpo, já cheguei a ouvir de médium que este odeia o som dos atabaques,meu deus…tá fazendo o que dentro de um terreiro que usa atabaques?

Onde está o terreiro que eu necessito?; o médium pede aos céus e do outro lado a casa clama:

Onde está o médium que esta casa precisa?; hoje está bem assim, por um lado médiuns que precisam de boas casas e do outro boas casas que precisam de bons médiuns, veja não estou falando de números e sim de qualidade mediúnica.
Por isso meu povo de umbanda,á todos vocês que buscam hoje uma casa idônea, séria e comprometida com a espiritualidade não economizem esforços para encontrá-la, seja ela onde for, deixe o comodismo de lado, e vá em busca, porque quando a encontrar você se sentirá como se tivesse no colo do pai .. no colo da mãe, a sensação de amparo e de luz será inconfundível.
Que meu Pai Ogum, senhor dos caminhos, guie os seus passos, dando á vocês o “norte” que precisam em suas vidas mediúnicas…

Pai Mario de Ogum