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Cremação e a Visão da Umbanda

 

 

Eu já ouvi várias vezes em conversas com pessoas de nossa religião e mesmo algumas de outras religiões que o medo de ser enterrado(a) vivo(a) os induzia ao desejo de serem cremados. Mas também sempre ouvi o mesmo questionamento por parte de muitos e o julgo o mais frequente:
Se no ato crematório o espírito ainda estiver preso ao corpo, o que acontecerá?
Algumas considerações:
Tudo aquilo que doamos, temos, é da lei e tudo que temos, devemos.
O corpo é uma veste, um invólucro e um instrumento muito valioso e útil para o espírito, enquanto encarnado e passando por uma experiência terrena, depois de morto, nenhuma utilidade mais tem para o espírito que o animou.
Em tese, poderá vir á ser cremado sem que nada disso traga qualquer prejuízo real para o espírito desencarnado em várias situações.

Pensam alguns que se o seu corpo for queimado ou lesado haverá prejuízo para o seu ressurgimento no mundo espiritual, entretanto, não é o corpo material que continua a viver em outra dimensão, nem é ele que irá ressurgir, reaparecer, mas sim o espírito com o seu corpo fluídico (perispírito), que nada tem a ver com o corpo que ficou no plano físico.
É necessário lembrar que, se o espírito estiver ainda ligado ao corpo no momento da cremação não sofrerá propriamente dores, porque o cadáver não transmite sensações ao espírito, mas obviamente experimentará impressões extremamente desagradáveis, sensações assustadoras além do trauma decorrente de um desligamento violento e excessivamente rápido da matéria física.
Porém se olharmos por outro lado, enterrar o corpo, também se torna algo horrível se o espírito permanecer preso a ele; a autópsia; a putrefação do corpo, os vermes devorando a carne é também angustiante para o espírito ,entretanto devemos lembrar que o perispírito está em outra faixa vibratória, e que em circunstâncias normais não deve ser afetado, quer pela decomposição, quer pela cremação.
Logo, acreditamos que um espírito cujo corpo vai ser cremado, é desligado, talvez de forma violenta, mas não será queimado, mesmo que fique preso.

Sofrem muito mais os espíritos muito apegados à matéria, os teimosos, os sensuais, os que se agarram aos prazeres da vida, estes obviamente tem muito mais dificuldades á se separarem do seu corpo físico.

Dentro da umbanda as opiniões acerca da cremação ainda são muito controversas e variadas, já que cada casa, cada médium possuem seu livre arbítrio para escolher sua forma de sepultamento ,porém á quem for optar pela cremação, alguns cuidados são úteis para este procedimento ser menos traumático ao espírito.
Para a cremação, caso não se tenha certeza se o espírito ainda esteja ligado á um corpo físico, é recomendável um intervalo razoável após a morte(Normalmente a umbanda recomenda 72 horas), a fim de se ter maior segurança de que o desligamento perispiritual já tenha completado.

Na maioria dos crematórios (quase todos) espera-se o prazo legal de vinte e quatro horas e não obstante, o regulamento permite que o cadáver permaneça em câmara frigorífica pelo tempo que a família desejar.
Nós umbandistas temos por costume, pedir três dias, mas de acordo com cada preceito, á quem peça até sete dias.

Importante salientar, que muito mais importante que estes cuidados, seria cultivarmos uma existência equilibrada, marcada pelo esforço da auto renovação e da prática do bem, á fim de que, em qualquer circunstância de nossa morte, pudéssemos nos libertar de nosso corpo físico prontamente, sem traumas, sem preocupação com o destino de nosso corpo.